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  • À espera do inverno

    19/01/2014

      O motivo mais harmônico para reverenciar José Américo na passagem do seu aniversário natalício (10 de janeiro pp.) é relembrar seu interesse pela estação chuvosa. À entrada do último mês do ano vinha o pedido: “Veja se os jornais registram chuva no Piauí, pois este é o inicio do caminho natural para chegar ao Nordeste, enxotada pelos ventos alíseos que vêm dos Açores”. Como, o ar em movimento, sopra com persistência, sobre extensas regiões subtropicais e equatoriais, a Paraíba não se isentaria da visita alvissareira da água correndo nas biqueiras, nos prognósticos daqueles tempos.

    Mal começava a precipitação dos vapores da atmosfera, aportavam no endereço do Ministro, os avisos animadores. O governador João Agripino mandava fornecer-lhe copias das mensagens que chegavam do interior do Estado, e de outros lugares beneficiados com a pluviometria. O sargento Pebinha (Serviço de Rádio, do Palácio) era aguardado, com ansiedade, com as noticias, auspiciosas ou não, sobre o inverno, para alegria ou desalento de quem as recebia.

    Juntavam-se à informação de além mar, que parecia cientifico, às experiências do dia de Santa Luzia (12-12). Uma rezava que se a barra, naquela madrugada, fosse densa podia esperar a safra opulenta de cereais. O curral cresceria em leite para as queijadas e as festas, em louvor dos santos juninos, seria de intenso fulgor. Sem nuvem carregada no horizonte, estava decretada a seca. Quando isso acontecia a angustia se instalava na mansão do Cabo Branco!...

    Nos estios prolongados, não havia nas cidades e nas fazendas, as comemorações festivas aos consagrados do mês de Junho. Apenas a fogueira lembrava a data. A tristeza cobria a face dos proprietários rurais, pois todos viviam do que a terra produzia. A mesa que ostentava as mais saborosas receitas com as especiarias da época, se apresentava com mungunzá, com os grãos da safra anterior. Assim foi o São João de 1909, em Souza, relatado pelo Promotor de Justiça da comarca – José Américo.

    Não me lembro de estio prolongado em Areia, mas me recordo de meu avô dizendo que a Era de quatro (4) era de abundância. Comecei a anotar sua profecia, em 1954, e até esta data nenhum decênio nos decepcionou. A descoberta do fenômeno El Niño e La Niña que tem seu habitat no Oceano Pacífico, na costa do Peru, quando em dezembro, a água do mar esquenta é sinal de seca e se esfria é inverno, aposentou as “experiências”.

    Os estudos atuais obedecem mais a orientação da ciência do que aos prognósticos. Eu creio que este ano (2014) o predomínio é da “menina” com o campo verde, água correndo para alimentar os açudes. A mesa sertaneja será farta e haverá alegria nos corações.


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