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  • Américo Filho X Botafogo

    04/10/2013

     O futebol foi introduzido no Brasil, em 184l, pelo paulistano Charles William Muller que, no retorno do seu recreio pela Inglaterra, trouxe para a paulicéia dois

    Artefatos de borracha e tentou convencer os britânicos que, em São Paulo, implantavam o sistema de transporte por linhas férreas, a aderir ao folguedo com bola no pé.

     


    Em 1904, no Rio de Janeiro, amigos juvenis, juntaram-se no Largo dos Leões para oficializar a fundação do Eletro Clube, nome primitivo da associação futebolística da cidade de São Sebastião. Para oferecer confiabilidade à criação convidaram um cidadão respeitável para presidi-lo, cuja primeira providência foi rebatizar a agremiação como Botafogo Footebol Clube, desde que seus mirins idealizadores (com 14 e 15 anos), moravam no bairro homônimo.

    A aristocracia entusiasmou-me com o exercício bretão e formaram-se equipes de amadores, com métodos e regras adotados no Reino Unido. Campos foram construídos, no mesmo estilo, e com a técnica adotada, além mar, para a exibição do esporte.

    No inicio apenas a elite branca praticava o entretenimento, porém, a partir de 1920, negros passaram a ser aceitos, diferente do começo quando só a fina flor da sociedade era admitida no jogo. A partir da miscigenação o futebol popularizou-se, por via da comunicação de massa.

    Atualmente o país registra 800 clubes profissionais, 13 mil times amadores e 11 mil atletas federados. Quem tem talento, vocação e perseverança, faz dele profissão e meio de vida rendoso, independente de casta, credo ou posição social.

    No governo Vargas foi empreendido um grande esforço para alavancar o futebol no país. A construção do Maracanã para a copa de 1950, que preferimos não relembrar a derrota do Brasil. No entanto, registramos a desforra em 1958, quando nossos craques se destacaram como elementos de identificação nacional com jogadores com força física, pulso e vigor, que em tradução livre era “amor à camisa...”

    Na condição de Secretária do Ministro José Américo, anotei a extremada dedicação de José Américo Filho, pelo Auto-Esporte Botafogo. Dai ter me

    congratulado com o deputado Janduhy Carneiro que, numa propositura de sua autoria convocara uma sessão especial para comemorar os 82 anos de fundação, na Paraíba, do sodalício Estrela Solitária.

    Américo cursava a Escola Militar no Realengo, porém, sem interesse porque seu coração estava no Botafogo de Regatas, no Rio de Janeiro onde, como amador, foi presente em vários jogos. Observado que tinha aptidão, foi contratado como profissional, o que durou, apenas, meses.

    Bafejado pelo prestígio do pai Ministro de Viação e Obras Públicas, no entanto, a situação paterna não o atraia a permanecer na capital da Republica, porque seu sonho era voltar à Paraíba, se entrosar e vitalizar o time do seu coração.

    Em 1934 arribou em João Pessoa, tentando fugir dos estudos didáticos que não o seduziam. Porém o tio e padrinho Augusto de Almeida, seu hospedeiro, condicionou-lhe a vivência em sua casa, à continuação dos estudos secundários.

    Américo aceitou a proposta, porém, a freqüência foi mínima ao Liceu Pernambucano onde foi matriculado, em face da dispensa de assistir às aulas, e apenas fazer provas a cada semestre, porque seus dias e horas estavam dedicados ao Estrela Solitária...

    Permaneceu pouco tempo em seus pagos, porque teve de voltar ao Rio para assumir um emprego público no IPASE, presidido por seu cunhado Alcides Carneiro. Dez anos depois esbarrou em João Pessoa, novamente, e nunca mais deixou seu berço...

    Como “o que tem de acontecer tem muita força”, Américo Fº alcançou a Presidência do Botafogo estadual. Sem sede própria, o time apresentava-se no campo do Esporte Clube Cabo Branco, em Jaguaribe, um lugar de encontro festivo da sociedade paraibana. A circunstância o fez conseguir do governador José Américo, um terreno no bairro dos Estados, onde funcionou o DEDE para dar condições satisfatórias ao Botafogo de se apresentar, com bilheteria paga.

    Nas exibições mais importantes o governador comparecia, quase sempre em companhia do Prefeito de Guarabira, Augusto de Ameida, seu irmão, que como ele nada entendia das regras do jogo. Suas presenças era para prestigiar o filho e o afilhado.

    Para dinamizá-lo contratou na Bahia os afamados Arquimedes, Beto e Tita, sem contar com um centavo em caixa, para ressarci-los pelo dinamismo do trabalho, o que fazia de seu próprio bolso. E não ficou só nos citados. Conseguiu para o Estrela Vermelha (outro nome) José Armando e Kleber Bonates, Antonio Berto, Galego, Vavá, Noca e Elcio que fizeram a grandeza do esporte futebolístico na Filipéia de Nossa Senhora das Neves.

    A maior façanha de Américo foi trazer para um amistoso, o Vélez Sarsfield, de Buenos Aires para partidas com o Botafogo e o Treze de Campina Grande, com as despesas pagas pelo sonhador das quimeras impossíveis.

    Lamenta-se que o divertimento alegre e emocionante, tenha passado a oferecer perigo pela exacerbação das torcidas organizadas, onde há agressões e até mortes.

    Muito eu teria a contar sobre o esporte das multidões, se houvesse espaço. 


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