Página inicial


  • A história nas ruas

    11/06/2014

     Uma boa sugestão aos professores: mandar seus alunos pesquisarem a história dos patronos das ruas onde residem. Claro que encontrarão gente sem muita história ou com história sem merecimento para a homenagem. Outros, porém, com a inserção de seus nomes nas placas indicativas, apenas registram que foi pequena a láurea alcançada. Mereciam muito mais.

    Sempre que encontrava Maurilio Almeida, bananeirense de muitos méritos, ouvia suas queixas com a denominação das ruas de sua terra. Não diziam nada com respeito à história da cidade, verberava, mas refletiam, apenas, a posição política dos lideres locais nas diversas fazes da vida nacional. O Barão de Rio Branco, por exemplo, ganhou nome de rua por favorecer o titulo nobiliárquico do Comendador Felinto Rocha e o do seu pai, o Barão de Araruna. Na fase republicana, Quintino Bocaiuva, Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca, batizaram logradouros. Solon de Lucena, parente e cria política dos Pessoa, carimbou a principal praça com o nome de Epitácio, e a rua principal recebeu o nome do Coronel Antonio Pessoa. A praça com o nome de Castro Pinto, filho de Mamanguape, também vem dessa época.Os filhos da terra, mesmo com merecimento, ficaram nas ruas da periferia.

    Na Capital, um bravo jornalista que fez história até os primórdios do século passado, Artur Aquiles, denomina pequena rua que deságua na Visconde de Pelotas. Este, nascido em águas portuguesas e naturalizado brasileiro, fez nome nas contendas gaúchas como tenente coronel. O titulo de Visconde foi um agrado de Dom Pedro I.

    Álvaro Machado, um dos fundadores da República na Paraíba, é nome da praça onde os carroceiros estacionam, hoje coberta de pardieiros, em frente a estação ferroviária. Alí o prefeito Chico Franca fez erguer um monumento à fundação da cidade. O monumento a Álvaro Machado, todavia, foi erguido na Praça Dom Adauto, mais conhecida como Praça do Bispo, onde termina a Visconde de Pelotas.

    Chefe oligarca que dominou a Paraíba por mais de vinte anos quer na chefia do executivo ou no Senado, Álvaro Machado, um militar, chegou pela primeira vez ao cargo pelas mãos de um civil, seu tio Abdon Milanez, que se fizera amigo do Marechal Floriano quando ele morou na terrinha. Ao contrário de Venâncio Neiva, o primeiro governante republicano, que era civil, e foi ungido graças à força de dois irmãos militares.

    Para se ter uma ideia de como as coisas se processavam na primeira república, registre-se que o presidente José Peregrino, sem consultar o chefe Álvaro Machado desejava fazer Simeão Leal, seu sucessor. A solução foi a volta de Alvaro Machado, o chefe partidário, ao executivo, tendo Simeão na vice-presidencia, mesmo sem merecer a confiança do chefe. Mas o que desejava mesmo Álvaro Machado era retornar ao Rio de Janeiro onde sempre morou. Para conseguir esse intento, foram realizadas quatro eleições extraordinárias, como conta Osvaldo Trigueiro de Albuquerque, em A Paraíba na Primeira República: “Vindo para o governo do Estado, Álvaro abriu vaga no Senado, para o qual foi eleito Walfredo(Leal), que, por sua vez, abriu uma vaga na Câmara. Para esta foi eleito Simeão Leal, que abriu vaga de Primeiro Vice-Presidente. Para esta foi eleito Walfredo, que abriu vaga no Senado. Como vice-presidente, Walfredo tornou-se sucessor de Alvaro, que renunciou ao governo e, em seguida, foi eleito senador, na vaga que ele próprio abrira há menos de um ano”

    Só por esse feito, se lhe faltassem outros méritos, Álvaro Machado mereceria melhor homenagem dos paraibanos. O seu irmão, o médico João Machado, que também governou nosso estado, empresta seu nome a uma bela avenida.


    Voltar