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  • Paraíba, terra de grandes

    05/11/2013

     Mergulhando nos alfarrábios do nosso passado, se constata que a “pequenina e heroica” foi grande em outras terras. Paraibanos da melhor estirpe foram exportados e terminaram senadores ou governadores de outras províncias desse imenso território nacional. São Paulo, hoje a mais pujante das unidades federativas,teve um conterrâneo nascido nesta capital, a governá-la: Antonio José Henriques, bacharel de Olinda em 1833. Antes de chegar à paulicéia foi delegado,promotor,juiz,deputado provincial e federal,vice e presidente da Paraíba. Como fez parte do Conselho do Imperador, ganhou fama e nome de rua como Conselheiro Henriques.

    A província de Pernambuco que antes já dominara a Paraíba por 43 anos, teve vários dos nossos a presidi-la. Um deles, Francisco de Assis Pereira da Rocha que assumiu na qualidade de vice, foi ainda desembargador na corte judiciária da mauriceia e terminou como Presidente do Rio Grande do Sul onde morreu e ficou pelos idos de 1872. Diogo Velho, nascido no antigo município de Pilar também governou Pernambuco, chegando a senador pelo Rio Grande do Norte.Por último, Francisco de Paula Silveira Lobo,deputado,senador e ministro da Marinha e da Fazenda do Império. Governou também Minas Gerais.

    Deusdedith Leitão, Dorgival Terceiro Neto e Abelardo Jurema realizaram pesquisas no entorno dos paraibanos que foram bacharéis por Olinda e chegaram às chefias das provinciais imperiais brasileiras. Ainda lembram Clementino Carneiro da Cunha que foi presidente do Amazonas; Olinto José Meira, nomeado para o Pará e o Rio Grande do Norte; Rodrigues Chaves designado para Santa Catarina e o Barão do Abiaí, governante do Rio Grande do Norte e do Maranhão a quem o Imperador Pedro II ainda ofereceu as presidências da Bahia e Pará, recusadas pelo nosso mais eminente nobre, de cuja filha, professora Olivina Olívia Carneiro da Cunha,

    fui aluno de português no Liceu. Mas não posso esquecer nessa notícia histórica o bananeirense Antonio Manoel de Aragão e Melo, ( ascendente de José Antonio Aragão, também advogado e meu sogro e do almirante Cândido Aragão) que, em 1859 foi nomeado para presidir a Província de Goiás.

    Sobre o Visconde de Cavalcanti, imortalizado como Diogo Velho e que presidiu a Paraíba,Piauí, Pernambuco e Ceará, há que se destacar a figura do educador, chefe da Instrução Pública no período de governo do gaucho Luiz Antonio da Silva Nunes e mantido na governança do Barão de Mamanguape. Pelos idos de 1861, com apenas 24 anos de idade,expediu relatório ao presidente da província sobre as práticas educativas de então, que ainda hoje se vê repetido na imprensa nos dias atuais. Para ele, a pedagogia é a espinha dorsal do ensino e premonitoriamente escreveu: “enquanto não for preenchida essa falta e não se der ao professorado positivas garantias materiais, importância social e sossego quanto ao futuro, as reformas do ensino permanecerão na esterilidade”. Para ele, “a instrução leva em conta as condições sociais de cada ser humano, devendo prepará-lo profissionalmente”. Era a defesa do ensino profissionalizante, já nas décadas finais do século XIX. Um pensador avançado.

    Diogo Velho foi promotor de Areia e enfrentou no júri popular o advogado Aragão e Melo. Maurílio Almeida, que era bananeirense,destacou a atuação do advogado Aragão, seu conterrâneo, em trabalho sobre Diogo Velho quando de sua posse no IHGP. Descreve o cenário em que os dois se enfrentam, um acusando e o outro defendendo Carlota, a amante do major Quinca. Este disputava o comando político da cidade de Areia com o major Trajano Chacon. O disputa política terminou em tragédia com Carlota mandando matar Chacon e sendo condenada à morte. Depois sua pena foi comutada para prisão perpétua,penas extintas nas leis republicanas.

    Sem dúvida que a Paraíba doou ao Brasil eminentes filhos seus,destacados nas letras, na política e nas artes.Abordei os políticos, todos mortos. Falar dos vivos ou dos vivos demais, dá muito trabalho e gera reclamação.


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