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  • Arena Brasil

    06/07/2013

    A Arena entre nós já foi o maior partido do ocidente, no dizer do indefectível Francelino Pereira; abrigo obrigatório dos apoiadores do regime militar pós 64, oriundos do udenismo extinto. Na Roma Antiga, a arena mais famosa, o Coliseum, foi palco da eliminação de cristãos, alimento servido a leões famintos. No Brasil de hoje, sob inspiração da FIFA, a arena é o nome dado aos campos de futebol, antigamente chamados de estádios. A arena romana ganhou o nome de Coliseu, vindo de Colosseum, uma estátua do Imperador Nero, (aquele que enquanto Roma ardia em chamas, ele tocava harpa) erguida nas proximidades. Na Espanha, é na arena que os touros são sacrificados sob aplausos de multidões encantadas com o sangue dos bovinos. Arena, tanto no passado como no presente, só faz lembrar espetáculos de violência.
    Me parece contraditório que, sendo a segurança nas praças esportivas a prioridade dos organizadores de qualquer competição, o cenário receba a denominação de arena. Arena da Fonte Nova, Arena Mané Garrincha, Arena Castelão, Arena Pernambuco e assim por diante. Aliás, o nome completo é antecedido por uma marca de cerveja. Mas a toda poderosa FIFA proibiu sua citação. Quando terminar essa Copa dos Campeões, ouviremos finalmente o nome completo dos estádios: Itaipava Arena Pernambuco, Itaipava Arena Fonte Nova... Não foi em vão que a Lei aa Copa liberou a venda e o consumo de cervejas durante os jogos. Uma arena lotada de espectadores movidos a esse combustível em latinhas, queira Deus que reine a paz entre as galeras rivais.
    Durante a preliminar da Copa do Mundo, ou seja, a Copa das Confederações, quem não conseguiu ingresso foi engrossar as passeatas de protesto que nos últimos dias, invadiram as avenidas das principais cidades deste país. O chamado “protesto pacífico”, carimbo usado por uma rede de TV para tentar minimizar os atos de violência que acompanharam as manifestações populares, vai conseguir dividendos em pouco tempo.O recado das ruas conseguiu imprimir velocidade até às decisões do Congresso que, em poucas horas, aprovou os royalties do petróleo para educação e saúde e sepultou a PEC 37, que dava exclusividade de investigação às polícias, encolhendo o poder do Ministério Publico. As passagens de ônibus e

    metrô, motivo aparente para o povo ganhar as ruas, tiveram seus aumentos revogados ou diminuídos.Como dizia JK: acordaram o monstro. Esse monstro se chama opinião pública, que, de cara pintada ou de cabelos brancos, resolveu, na linguagem do facebook, trocar o status do país: de “deitado eternamente em berço esplendido”, para “ um filho teu não foge à luta.”
    O espetáculo cívico que varreu esta nação de norte a sul, de leste a oeste, não tem liderança e nem carro de som para comandar as ” palavras de ordem”. Os meninos de hoje foram chamados pela internet. O chamamento digital teve também um ajutório não programado desse meio de comunicação quase ultrapassado: a televisão. A mensagem do PPS advertia: “só a mobilização faz a mudança”. Por outro lado, uma marca automotiva chamava todos para a rua, “a maior arquibancada do Brasil”. O povo atendeu e daí nasceu a Arena Brasil.
     


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