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  • Cidade descalçada

    21/06/2013

    A campanha tem a marca do multimídia Abelardo Jurema mas todo dia ganha novos adeptos. Impossível deixar de aderir a um movimento que visa comover o Poder Público e a iniciativa privada para dotar seus imóveis de calçadas bem conservadas.Exigir, de logo, condições de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, seria pedir demais.Por enquanto, bastaria que as calçadas não oferecessem riscos aos pedestres e cadeirantes que por elas trafegam.Mas os registros de incidentes se sucedem, sem providencias efetivas a respeito.
    Esta semana levei um baita susto. Fui avisado que minha esposa teria sido vítima de uma calçada mal cuidada.Um desnível de terreno quase invisível,provocou seu desequilíbrio e uma violenta queda, com a face no chão.Quebrou o nariz e perdeu um bocado de sangue. Nada que merecesse preocupações maiores além de um raio x e uma ultra-sonografia.Ela encarou com bom humor o incidente e chegou alegre em casa, dando graças a Deus por não ter quebrado os óculos...
    Seria cômico se não fosse trágico, ter que enfrentar quilômetros de calçadas irregulares ou inexistentes e, neste caso, propícias ao acúmulo de detritos.O pessoense às vezes encara com muita verve o seu desconforto. Exemplo: na rua Fernando Luiz Henrique, uma das mais movimentadas do Bessa, um morador fez escrever no muro de sua vizinhança:NÃO JOGUE LIXO SOBRE ESSA DESCALÇADA. O espaço destinado à calçada está verde nesta época do ano e os moradores resolveram obedecer ao aviso, em respeito, até, ao bom humor do grafiteiro improvisado.
    Convivi com problema semelhante nos idos de 1973 quando esta cidade das acácias possuía dezenas de terrenos baldios em avenidas destacadas. O engenheiro Paulo José de Souto era Secretario de Planejamento do Município e, juntos, bolamos uma campanha para que os proprietários construíssem os muros de seus lotes. Aprovada pelo prefeito Dorgival Terceiro Neto e homologado pelos vereadores, foi concedida a isenção do IPTU a quem cercasse o seu terreno, antes, ponto de acúmulo de resíduos sólidos. Não demorou muito e desapareceu da visão do pessoense e dos nossos visitantes a imagem dos focos de muriçocas e outras consequências mal cheirosas do lixo jogado a céu aberto.
    Não custa nada uma lei municipal que ofereça um desconto no IPTU, a quem prove o investimento na conservação ou construção da sua calçada. O incentivo fiscal vai despertar o interesse de todos em restaurar o passeio publico e evitar que outras pessoas sejam vitimadas quando transitarem por uma área que, por ironia,é destinada à sua própria proteção.
    Fica a sugestão aos senhores vereadores. Já se fala por aí de iniciativas que obrigam o recolhimento do cocô do cão de estimação.Outrora se propôs o uso de fraldas para o jumento nosso irmão esconder sua virilidade.É chegada a hora de se pensar em gente que não pode se expor aos perigos desta cidade descalçada.Gente que, agradecida, também vota.
     


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