Página inicial


  • Burity neutro?

    04/04/2013

    No ultimo domingo, ampla reportagem do Correio da Paraíba, sob o título “Grandes brigas políticas na PB”, em certo trecho discorre: “ Na sua sucessão, na campanha de 1989, Burity ficou neutro em relação às candidaturas de Ronaldo Cunha Lima (PMDB) e Wilson Braga(PFL).Chegou a recomendar voto em branco.”Não voto nem em Braga,nem em Ronaldo.Voto branco”,disse na época...”
    A afirmativa é equivocada, a partir da data. A campanha de 1982 para governador da Paraíba foi disputada por Wilson Braga e Antonio Mariz, este massacrado pelo “voto vinculado”, que obrigava o eleitor a votar de “cabo a rabo” na cédula única. Isto é, o vereador, o prefeito, o deputado e o governador, tinham que pertencer ao mesmo partido. Wilson Braga foi o eleito na primeira sucessão de Burity. Era a primeira eleição direta mas com cheiro de indireta, graças a essa artimanha eleitoral nascida nas casernas eleitorais do movimento de março de 64. Em 1986, Burity voltaria ao Governo, através do voto direto.
    A eleição de Ronaldo Cunha Lima ocorreu em 1990, também sem as amarras do voto vinculado. Desta feita, foram instituídos os dois turnos para a eleição de Governador. No primeiro, Wilson Braga foi o mais votado, perdendo para Ronaldo no segundo turno das eleições. Nessa eleição, Burity teve candidato próprio na pessoa do deputado João Agripino Neto, que somou mais de cem mil votos, inclusive o meu. Não houve neutralidade.
    Lembro-me bem que estando em Brasília hospedado no apartamento de João Neto, acordamos cedinho para alcançar o Presidente Collor que viajaria ao exterior.No pé da escada do avião presidencial, João Neto comunicou sua candidatura e marcou um encontro de Burity com o Chefe da Nação para dias depois, quando fomos todos, novamente, ao Planalto, participar a decisão do Governador da Paraíba de apoiar o deputado João Neto à sua sucessão. A escolha de João Neto foi a forma encontrada por Burity para demonstrar sua discordância das candidaturas postas, marcar presença no pleito e eleger seus deputados.E fez a maior bancada, com nove membros, eleitos pelo PRN.
    Foi o espólio eleitoral de João Neto e o carisma de Ronaldo que decidiram a eleição no segundo turno. O pleito ocorrera no dia 03 de outubro. No dia 06, era meu aniversário e Ronaldo chega de repente em Bananeiras acompanhado do deputado Ernani Moura, seu cunhado e meu colega de Assembleia.De imediato conquistou o nosso pessoal que havia sufragado o nome de João para governador e o meu para deputado federal. Faltava juntar em torno de si os nove deputados estaduais do PRN, ainda vinculados a Burity mas por fios tão frágeis que se partiriam rapidamente.
    Na opinião de Burity deveríamos votar em Wilson Braga no segundo turno e resumia suas razões proclamando em tom de blague: “Wilson a gente já conhece os defeitos. Ronaldo é uma incógnita !” Mas asseverou que, democraticamente, acataria a decisão de todos os companheiros.
    Os deputados já eleitos e os sem mandato a partir fevereiro de 1991, reuniram correligionários no Cine Banguê do Espaço Cultural para uma tomada de posição. Na mesa, o governador Tarcisio Burity, os deputados João Neto e Antonio Ivo,Presidente do PRN e esse orador que vos fala, Líder do Governo e se despedindo do encargo e do mandato. Na platéia, comandava a maior caravana o coronel José Sergio Maia que impunha sua vontade em Catolé do Rocha e se fez ouvir também naquele ambiente cívico. O governador Burity fez uma rápida explanação do quadro político e comunicou aos presentes que qualquer posicionamento resultante daquele encontro, seria absorvido por ele. Não daria a sua opinião e nem expressaria seu voto, mas, conclamou-os: Sentados,ficam com Braga. Em pé, apoiam Ronaldo Cunha Lima.
    Todos se levantaram de uma só vez produzindo uma calorosa manifestação pró Ronaldo. Burity, como anunciara, se absteve. Ao seu lado, ficaram em pé o seu líder, o presidente do seu partido e o seu candidato.
     


    Voltar