Página inicial


  • Dunga votla

    28/03/2013

     O gordinho de maior jogo de cintura que já conheci, está de volta. Para quem começa a vida como caminhoneiro, sentar na cadeira de governador do seu Estado, mesmo por poucas horas, enobrece o curriculum. Quem pensou que ele tinha virado peça da nossa história, pode tirar o cavalinho da chuva. Carlos Marques Dunga, ou simplesmente Dunga, prefeito, deputado estadual e federal, suplente de senador, está de volta à Assembléia e vai dar o que falar.

    No penúltimo dia do seu governo e também da minha condição de Lider, Tarcisio Burity mandou me chamar e passou a missão:“Procure Dunga e diga que venha assumir o cargo de Governador. É ele que vai transmitir o Governo a Ronaldo”. E assim foi feito.

    Eleito entre os nove deputados da bancada governista, a maior delas, do PRN de Burity, Dunga granjeou a simpatia dos seus companheiros e foi eleito Presidente. Nessa condição daria posse ao novo governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima. Em suma, de chegada, levou os votos do governador que saía e os votos do governador que entrava.

    Atuando, principalmente, na área de influência do Município de Boqueirão, não se saiu muito bem nas ultimas eleições municipais. Julgo que sua posição na eleição de 2010 o tenha prejudicado. Votou em Ricardo, Cássio e Vital, além de Nilda Gondim para deputada federal. Essa mistura de nomes associada a uma sopa de letras de vários partidos, pode não ter sido bem entendida na eleição seguinte. Eu mesmo, que era candidato a suplente de Efraim Morais, quando instado a ajudá-lo na sua eleição de deputado, neguei-me a fazê-lo, justamente por que ele não estava votando em Efraim, e, em conseqüência, rejeitara meu nome, que compunha a chapa majoritária. Soube que ficou magoado... Mas já fui perdoado, pois ele não é de guardar ódio nem rancor.

    Traído pelo tamanho da legenda, perdeu parte do mandato e já entra na Casa de Epitácio na sua segunda metade, depois de vencer uma batalha judicial que dependia da validade de votação alheia. Com a validação desses sufrágios, foi recomposta a totalização da sua coligação e alterado o quociente partidário. Ganhou o mandato e agora ninguém lhe segura. Sua região tem novamente representante à altura.

    Devoto de Padre Cícero desde os tempos em que enchia um pau –de- arara de romeiros e os conduzia ao Juazeiro, Dunga costumava anualmente revisitar o “santo” cearense e agradecer as graças alcançadas. Por certo, voltará agora aos pés do seu “Padim” para contar o milagre de ressuscitar na política, e, na sua fé, haver superado os obstáculos que colocaram no seu caminho.

    Um episódio dos idos de 1988 marcou a minha avaliação sobre seu companheirismo e solidariedade. Os servidores públicos em greve invadiram o Plenário da Assembléia e eu, como Líder do Governo, era o principal alvo da irritação dos barnabés. Infiltrado entre eles, uma turba dava sinais de aguerrida e violenta. Dunga me puxou pelo braço e indagou: “Estás armado?” Respondi que não andava armado... E ele apreensivo: Esse movimento é contra você também. Tome cuidado!

    E a partir de então, passou a proteger o meu magríssimo esqueleto com o seu corpão de muitas arrobas. É esse o Dunga que o Parlamento tem de volta.


    Voltar