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  • Terra à vista

    19/03/2013

    Há controvérsias a respeito dessa versão da história que nos foi contada desde as primeiras letras. Alguém, com forte sotaque lusitano, teria gritado: “Terra à Vista”, quando, com a ajuda de um binóculo ou coisa que o valha, divisou o nosso Monte Pascoal.
    Isolado na gávea, aquele compartimento em formato de cesta colocada no alto da vela principal da caravela de Cabral, o dono do primeiro olhar sobre as terras brasileiras estava cumprindo pena, castigado por alguma falta cometida a bordo...Sua posição já o permitia ver mais longe, mas, mesmo assim, com a ajuda de lentes, sua visão alcançou mais cedo a costa da Ilha de Vera Cruz.
    Quando estudante do Liceu estava vendo as letras embasadas. A miopia causadora foi corrigida com os meus primeiros óculos. Ao sair de uma ótica na Duque de Caxias, já portando uma carrocinha à frente dos olhos, avistei até a placa da Radio Arapuan, colocada alí há muitos anos, mas longe do alcance da minha retina .
    Até que viessem a me conceder uma visão perfeita, muitos séculos haviam se passado, desde que no primeiro depois de Cristo surgiram as primeiras lentes. Nome originado de “ocularium”, aqueles dois orifícios que permitiam aos soldados enxergarem de dentro das armaduras, os óculos foram utilizados inicialmente pelos monges, dada a sua permanência nas bibliotecas, cansando a vista. Mas foram os alemães que formataram os primeiros óculos com aros de metal e unidos por rebites. No Brasil, não seria demais lembrar, foram eles, os portugueses, que colocaram óculos nos jesuítas, nos membros da Coroa e nos colonos endinheirados.
    Até chegar ao Ray Ban, (do inglês Ray-Banner, ou raios banidos) encomenda dos americanos para evitar que os raios do sol causassem danos aos olhos dos seus pilotos, e serem transformados também em artefato da moda, os óculos evoluíram e surgiram em milhares de modelos a complementar a indumentária de homens e mulheres. Credita-se a Benjamim Franklin a invenção dos óculos bifocais. Era composto de duas lentes na frente de cada olho, unidas pela armação, possibilitando ao usuário enxergar de longe e de perto com um único aparelho.A Wikipédia registra noticia de óculos de vidros sem grau, no antigo Egito,
    Foi de um desses modelos mais aperfeiçoados que me livrei recentemente, após uma bem sucedida operação de cataratas. A propósito, publiquei na minha página do Facebook um auto-retrato com o olho vedado e me referí a um chiste de Dorgival Terceiro Neto aludindo à velhice característica dos senadores de antigamente:
    - Para ser Senador é preciso fazer três operações: cataratas,próstata e hemorróidas.
    Postei então, sendo um pouco irreverente, que estava iniciando minha campanha de Senador, ao fazer a primeira das três operações necessárias.Teve gente que acreditou no gracejo e me ofereceu votos. Outro, com uma pitada de bom humor, chamou a minha cirurgia de “catavotos”. O certo é que os tempos são outros, e hoje, tem senador tão jovem que ainda não deve ter se livrado da fimose.
    O nosso estimado senador Humberto Lucena, por exemplo, fez operação de cataratas somente no seu ultimo mandato, contrariando a versão terceiriana. O fato levou à comoção um seu amigo deputado, que se apressou em lhe telefonar:
    -Humberto, é verdade que você fez operação de catarata nos olhos?
    E o senador, professoral e carinhosamente retrucou:
    -Não diga isso a ninguém, é um pleonasmo!
    Quando, na Assembléia, indagaram do deputado sobre o estado de saúde do líder partidário, ele informou constrangido:
    -Ele me pediu pra não dizer a ninguém...Mas é um pleonasmo!

     


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