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  • Missão cumprida

    23/12/2012

    Comecei fazendo política em uma região onde predominavam os coronéis. Vinham da época em que o voto era de cabresto e honrado pelo compadrio ou pelo regime da chibata...Eu comecei em outro cenário. Não havia mais a imposição da força e o voto era secreto e universal, menos para os analfabetos, depois incluídos. Existia ainda uma espécie de coronelismo urbano que falava pela voz obediente do delegado de policia, do coletor de impostos, da justiça omissa e da cumplicidade da igreja. Lutar contras essas forças era ato de heroísmo e representava uma corrida de revezamento que atravessavam várias gerações, um cansava e passava o bastão para o seguinte, até chegar ao pódio.

    Meu pai, quando reagiu ao poder local, iniciou em Bananeiras sob o slogan: “quem não é doutor, nem major, tem que ser o melhor”.Venceu o doutor, apoiado pelos majores. Tres eleições depois, ganhamos a prefeitura e Marta Ramalho foi a primeira mulher eleita para dirigir os destinos daquela cidade. Conseguimos sair do ciclo poderoso dos senhores de engenhos que dominavam a terra e os votos, mas permaneceu o mesmo sangue. Eu e Marta éramos oposição mas ela era prima das lideranças adversárias.

    Se analisarmos detidamente as origens políticas daquela cidade brejeira, antes formada por Moreno (Solânea), Camucá (Borborema )e Dona Ines veremos que passam os tempos e permanecem as raízes. A começar da eleição estadual de 1934, Bananeiras manda para a Assembleia o coronel José Antonio Ferreira da Rocha, que Renato Cezar coloca como oriundo de Cajazeiras em sua “Bagaceira Eleitoral” e Severino de Albuquerque Lucena, pai de Humberto. Na eleição para a Constituinte de 1947, de Bananeiras chegam Clovis Bezerra Cavalcanti, Pedro Augusto de Almeida e Odon BezerraCavalcanti. Em 1950 voltam Clovis e Pedro Almeida, ecom o falecimento deste, assume Humberto Lucena que ficara na suplência da Coligação Democrática Paraibana.Por algum tempo, Clovis fez dupla com outro bananeirense, Orlando Cavalcanti de Melo. Fora do ramo familiar destes ilustres representantes do povo,nascido em Borborema, apenas este escrevinhador, mas assim mesmo, casado com uma sobrinha-neta do major Augusto.

    Afrânio Bezerra foi o ultimo representante de Bananeiras a ter assento na Assembleia. Solânea marcou presença com Arnobio Alves Viana. Era aquele pedaço do brejo das bananeiras sempre presente à Casa de Epitácio Pessoa, hoje contando, apenas, com um sobrinho de Odon Bezerra, o líder Hervázio, politicamente forjado no litoral.

    Dentro de um cenário mais moderno e sem as características do coronelismo do passado foi que conseguimos a hegemonia na gestão municipal de Bananeiras. Marta Ramalho conclui seu terceiro mandato de prefeita e será sucedida por Douglas Lucena, neto de Henrique,ex-prefeito.O seu vice é Matheus Bezerra, neto de Mozart, ex-prefeito e irmão de Clovis, por sua vez, filhos de Major Augusto, primeiro prefeito eleito após a reconstitucionalização do País.

    Ao encerrar essa etapa de minha missão política, agradeço com carinho aos que contribuíram para alguns sucessos eleitorais e tantos outros insucessos que amargamos juntos. A história registra com louvor a participação de Bananeiras no cenário político estadual e se espera que, em honra aos nomes daqueles que construíram essa historia, os novos condutores da política localpossam se fazer lembrados no futuro. É nisso que acredito e confio.


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