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  • A noite vermelha de Sandra

    27/04/2018

    “A noite de Sandra é tão vermelha, me lembra um operário que tombou...” Jaiel de Assis, músico paraibano, militante formado no período da ditadura militar, disse no meu ouvido “a música é sua, um presente para você que veio do Piauí”. Nem que não fosse, quando ouvi pela primeira vez roubei para mim e guardei no coração. Foram décadas de resistência, de lutas e de bons papos, idas e vindas nos movimentos sociais paraibanos, e nunca mais nos encontramos.

    De férias em João Pessoa, após um café no Ponto de Cem Réis, o lançamento do livro do companheiro Zé Alves, na sede da API (Associação Paraibana de Imprensa), Rua Visconde de Pelotas. Pulei nos primeiros degraus e quase tropecei ao ouvir minha música, no andar de cima. Alguém cantava “ Nada brilha como o céu de fênix, estrela do amanhã, cidade do amanhã, leva meu grito, nesse grito por amor...” Barrado na porta disse para eles a música é minha e vou entrar, nem que seja na pancada.

    Cavamos a cova da ditadura militar, com as grandes greves no final da década de 1970, sem medo dos tanques e fuzis, e a sepultamos depois, em um Congresso Nacional não prostituído como esse. Os trabalhadores brasileiros carecem de uma direção sem papo de ninar. É inevitável o confronto, é justificado contra o Estado de Terror implantado. A ilegalidade campeia em todas as Intuições. A conta não bate, e não podemos explicar no aparente recuo das massas.


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