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  • O padre Aristides e a Coluna Prestes

    09/06/2014

     Ainda há tempo para reabilitar a honra e bravura dos filhos de Piancó, manchadas por indivíduos, que falseiam a verdade dos fatos ocorridos na passagem da Coluna dos generais Miguel Costa/Siqueira Campos em Piancó, Naquele tempo Prestes era um simples capitão, não comandava, e não se falava ainda politicamente em comunismo. Só muito tempo depois de dissolvida a Marcha, ele viajou para o estrangeiro e fez leituras de caráter político-marxista. O governo brasileiro e a igreja católica decidiram na luta política internacional: capitalismo/socialismo combater Luiz Carlos Prestes que se tornara o líder nacional da linha socialista. Então, a mídia programou tudo em defesa do sistema. O “comunismo” era referido na mídia e acusado do assassinato de padres e de destruir a religião e a família, numa exploração subliminar. A marcha passou a ser chamada Coluna Prestes. Todos estão lembrados.

    Aproveito a oportunidade, para tornar a dizer que a coluna e o governo estavam em confronto. A família Leite Ferreira estava na oposição, não era governo, cabia, portanto, ao padre Aristides que era governo seguir a sua orientação. A família Leite Ferreira, ao tomar conhecimento da passagem da Coluna na região, procurou recolher-se às suas propriedades rurais como o fez porque Piancó não estava em questão. Se estivesse os Leite Ferreira se fariam presentes, como sempre o fizeram. Homenagem, devemos e eu presto aos heróis daquela data, alguns anônimos, sacrificados pela leviandade traiçoeira do Padre Aristides
    Desejo adiantar e ressaltar que os Leite Ferreira não pedem licença a ninguém para estarem presentes na história verdadeira e oficial de Piancó, porque são a expressão dessa história. Clodoaldo Brasilino, Chico Job, Celso Mariz, Cônego Florentino Barbosa, Cônego Manoel Otaviano, José Octávio de Arruda Melo, Humberto Cavalcanti, todos da APL e do IHGP, e outros intelectuais, já os citaram como personagens principais da vida local, com expressão estadual e federal; desde a sua chegada à região no tempo do Brasil colônia, mandados pela Casa da Torre, o que foi patenteado em conferências, livros, jornais e revistas.
    Em tão dilatado espaço de tempo, para enfrentar os Leite Ferreira, os adversários muitas vezes derrotados politicamente, tiveram de criar um mártir na controvertida figura do Padre Aristides Ferreira da Cruz. Queriam fazer o padre herói, mesmo na base da mentira; usá-lo como instrumento de uma luta inglória. A popularidade do padre Aristides, que marcava a sua vida, sustentava-se em negócios escusos, chegando ao roubo de gado, de animais, crimes infamantes naquele tempo.

    O que resta comprovado extreme de dúvidas, é que o padre Aristides provocou levianamente o confronto com a marcha militar. Quanto ao seu heroísmo, tal não impressiona, porque não existiu. Ele era um pedófilo, um desajustado, em conflito com Igreja Católica, réu condenado pela legislação canônica, proibido de ministrar os sacramentos, feroz defensor de privilégios. É verdadeiramente uma figura de nenhuma importância do ponto de vista da ética social, política e religiosa. Pelo contrário. Era somente um pretenso coronel protetor de cangaceiros no estilo da época. Não passava disto. 
    Encerrando querelas de uma vez por todas, deixo claro firmado em depoimentos e documentos, que Piancó paga muito caro, o imenso prejuízo moral e cívico de sustentar a estupidez, a burrice, a fraqueza moral de fazer do Padre Aristides o seu herói. Não culpo somente o empresário Teotonio Neto, porque todos sabem que ele pagava casa, comida, hotel na capital, alfaiate, roupa lavada, recrutando com objetivo político eleitoral, guarda avançada para o seu batalhão de falsários da história, para derrotar os Leite Ferreira. Os vaidosos que usavam ternos de tropical inglês, linho diagonal, sapato Fox, nas mesas de bar e de pife pafe, conhecidos, todos diziam: “Este é eleitor de Teotonio.” O suborno dominava avassalador a cena política local, dava curso à falsa criação de um mártir.
    Mas deixa pra lá. O Senado anulou a ata da sessão que declarou vaga a presidência da república e cassou o mandato do presidente João Goulart empossando um substituto fabricado. Foi ressalvada a verdade histórica, a moral da pátria pelo Congresso Nacional. Agora, repito, já que as chuvas voltaram, os tempos são outros, cabe à Câmara Municipal de Piancó e aos cidadãos, apagar da sua história o lábaro de feroz inimigo das liberdades democráticas, da modernização dos costumes políticos, que norteavam o ideário de coluna patriótica dos Tenentes. Foi a mancha vergonhosa fruto da sangrenta emboscada que o padre Aristides comandou contra as forças militares em marcha através do país, que defendiam o voto secreto, o ensino primário obrigatório, direitos sociais, trabalhistas. 
    Não acredito que os piancoenses contestem estes princípios republicanos, formadores da cidadania.


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