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  • Os vivos e o morto

    21/09/2015

     Terminada a semana de homenagens e recepções, realizadas pelos familiares e amigos de Antonio Mariz, em João Pessoa e Brasília, alusivas aos vinte anos do seu falecimento, o meu comentário final. 
    Infelizmente não pude comparecer aos atos solenes, por esquecimento da data, próprio da idade, pela preguiça que me prende em casa, em razão do passar dos anos e a situação de recolhimento em que me encontro, morando na zona rural. Através da internet, todavia, fiz breve relato biográfico dele, cidadão, e da sua prática como militante partidário, do nosso encontro e convivência na cena propriaente eleitoral.
    Ressaltei nos meus escritos, a firmeza das suas convicções de patriota, da nossa aliança na defesa da soberania do Estado brasileiro quanto à sua economia, cultura e tradição democrática, a defesa e reconhecimento dos direitos dos trabalhadores de todas as categorias. Isto era o que nos ligava. Nada de subordinação a tarefas, ganhos, recompensas. Nem de dependência. Era o exercício da ética. 
    O mais era a nossa vida de indivíduos, de conterrâneos frequentando as mesmas festividades na igreja, no clube social, na convivência que aproxima ou afasta as pessoas, partilhando alegrias e tristezas, momentos de paz e de exaltação. 
    Arregimentávamos quadros, forças, alistávamos familiares e amigos. Eis o que poucos perceberam e não aceitam, sequer acreditam. Só no moderno pixuleco.
    Deixei o partido e não disputei a reeleição. Ressentido, o meu gesto revelou-se extremado quanto ao resultado, no mesmo tem-po em que mantinha a fraterna convivência morando no campo na minha cidade de nascimento, de vida profissional, de atividade política. 
    Esta conduta paroquial levou Antonio Mariz, acompanhado de amigos, a procurar-me certa data, na residência de minha irmã na cidade. Eu fora notificado por um amigo comum. A partir de então conversávamos pelo telefone e em encontros ocasionais. Eleitor, mesmo afastado dos palanques, votei nele para senador e para governador porque o sabia o melhor entre os demais candidatos. Conhecia-o bem. 
    Não frequentei o Palácio porque nada tinha a lhe pedir ou aconselhar, mas aplaudia o seu governo. Os que hoje recebem as medalhas e condecorações com o seu nome, talvez as sintam incomodar no pescoço ou na lapela: as fitas, os distintivos. Em muitos até não caem bem, não ficam bem. Nem para os vivos nem para o morto impassível na outra vida. 
    A imagem moral e ideológica de Antonio Mariz, todavia, resiste pela profundeza do seu pensamento e de suas ações, vergonhosamente ajustadas à conveniência pessoal, à pobreza moral de muitos. Ameaça resvalar para a vala comum.
    Pragmatismo? Oportunismo? 
    Antonio Mariz revelou como político e homem público que a lei determinava as suas ações e a ética o seu comportamento.


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