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  • Antônio Mariz, Sousa e Princesa

    08/09/2015

     Na nossa cidade de Sousa, escolhida por Antonio Mariz para iniciar a sua carreira política, com um programa de governo impresso e distribuido pela primeira vez em campanha eleitoral, ele cumpriu as metas anunciadas. A ética e a solidariedade marcaram a sua passagem na prefeitura. Hoje os que se dizem marizistas, se ajoelham aos pés do seu maior adversário e algoz o risonho advogado João Estrela, condenado por crimes contra a administração pública em cinco processos julgados, assegurada ampla defesa, e tramitam na justiça mais de cinquenta também contra ele pela prática de crimes iguais. Estranho ver o corajoso Inaldo Leitão, na sua inteligência, esquecido do seu passado ao lado de Antonio Mariz de quem se diz hoje o “porta voz”, publicando retratos, divulgando suas visitas ao político João Estrela, que impôs a maior derrota ao marizismo até hoje na cidade de Sousa, com a própria Mabel compondo a chapa derrotada. Nenhum desagravo. Dá para perder a confiança, mas não a esperança. 
    Transcrevo abaixo um pequeno trecho de um trabalho mini-biográfico que publiquei sobre Antonio Mariz. (A UNIÃO, Paraíba Nomes do Século, 29 - 2000).
    (Em memória das muitas comemorações nas barracas, das procissões do encerramento das festas da nossa padroeira, que juntos acompanhamos com correligionários e a população local.)
    “II - ANTONIO MARIZ - O Marizismo. Uma escola política. 
    Otacílio Silveira organizou em termos técnico-orçamentários, ele um especialista em direito financeiro, o plano de governo de Antonio Mariz, apresentado na campanha eleitoral, para o cumprimento de suas metas na administração do município de Sousa. Ressalto o valor da convivência que os uniu, pautada sempre no respeito a princípios éticos inalienáveis. A colaboração de Alcindo Rufino de Araújo, na implantação do mencionado plano de governo, foi de fundamental importância, graças aos seus conhecimentos técnicos e teóricos sobre o assunto, pelas suas qualidades éticas e pela sua politização. 
    E explica a existência de uma escola política que, afortunadamente para nós, fincou raízes em Sousa, e partiu para uma ação marcante na vida pública paraibana. Lembrarei apenas três nomes, sem demérito para outros que participaram desta ação: João Agripino, e os citados Antonio Mariz e Otacílio Silveira. O primeiro pelas qualidades pessoais de líderança e também pelo respeito à moralidade na gestão da coisa pública; o segundo, à par de idênticas qualidades, destacou-se pelas convicções socialistas do seu pensamento e de sua ação, revelados nas posições adotadas no exercício dos mandatos de prefeito, deputado, senador e governador, que o povo lhe conferiu. Quanto ao terceiro, Otacilio, somava àquelas qualidades evidenciadas, a dedicação ao estudo, a soma de conhecimentos que possuía, pronto para incentivar, orientar e participar das tarefas comuns, e a eficiência na sua execução. Eles honraram a vida pública paraibana, um legado de inestimável valor, razão pela qual é preciso não esquecê-los, e lembrá-los, para motivar as novas gerações, hoje perdidas no imediatismo da vida moderna. Mas a realização desse projeto de integração social, liberado de amarras dogmáticas, na autocrítica de sua formalização dialética, preconizava a liberdade de pleitear em igualdade de condições, como o mais eficiente e justo processo de da fraternidade universal. E ele defendeu-a sem esmorecimento durante toda sua vida, na busca de sua realização.
    Lembro com apanhados da década de 60 do século passado, dados do seu programa e as realizações no governo municipal, e enfatizo: “a) aumento do número de escolas municipais de132 para 330, com a fixação do número máximo de 30 alunos por professor; b) distribuição das escolas na zona rural de tal forma que a distância máxima a percorrer pelo aluno fosse de um quilômetro e meio; c) aumento real de, no mínimo cem por cento nos vencimentos dos professores e demais servidores municipais; d) instalação de bibliotecas públicas em todas as sedes distritais e aperfeiçoamento da existente na sede do município; e) cursos intensivos de férias para treinamento e aperfeiçoamento de professores; f) estabelecimento de período escolar na zona rural fora da época de ocupação dos alunos nas atividades agrícolas; g) instalação de postos médico sanitários em todas as sedes distritais, e instituição de comandos de médicos dentistas para atendimento das populações pobres dos distritos, pelo menos uma vez por semana, com fornecimento de medicamentos a preço de custo; h) instalação de parques infantis nos bairros da sede do Município e em todas as sedes distritais; i) venda pelo preço de custo e a prazo, de silos, ferramentas, cultivadores, pulverizadores e inseticidas aos camponeses sem terra e aos pequenos proprietários rurais.” 
    O alcance social e de modernização administrativa, que estas providências alcançaram, despertaram o interesse na população, e levaram ao seu conhecimento, os deveres do administrador na programação e na despesa dos recursos públicos por ele manuseados, executados, até então ignoradas na região. Ainda o autor citado, ressalta a mudança de prioridade nos gastos e a preocupação de Antonio Mariz com o aspecto social do seu governo. Informa resultados obtidos: “a) Educação – 1962, 1,50%; final do quatriênio 1967, 16,42%; b) Saúde 1962, 1,00%; 1967, 15,85%; Fomento a Agricultura 1962, 0,25%; 1967, 15,85%; d) Obras Públicas 1962, 59,72%; 1967, 37,73%.” Quanto ao exame de suas declarações de bens, nos cinco anos e dois meses de mandato à frente da Prefeitura de Sousa, em novembro de 1963 e em janeiro de 1969, verificou-se apenas a substituição de um Fusca 1962, por outro Fusca 1967!” 
    Isto há mais de cinquenta anos atrás, vale a pena saber.


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