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  • Deusdete Queiroga – Comprade Dezinho

    26/08/2015

     A vida nos mostra caminhos e escolhas. A sorte ou a boa fé explicam e justificam equívocos e acertos. A memória guarda o melhor e o pior também. Assim acontece.
    Lembro, entre muitas amizades que tive a sorte de cultivar, a que me aproximou de Deusdete Queiroga de Oliveira, depois meu Compadre Dezinho, no batismo católico do seu filho Adalberto de quem fui padrinho. 
    Advogado formado cheguei à cidade, casei, cuidei do meu escritório para ganhar a vida. O meu temperamento sertanejo e a convivência social, me levaram ao seu círculo também de amizades e ocupações. Ele chegado de São Paulo, estava preparado para as lutas da vida no ramo do comércio, tornando-se um empresário de sucesso. A cordialilidade entre as nossas famílias, os encontros em festas e bares nos fizeram amigos, por fim compadres.
    Um destino prometedor, auspicioso nos fez ele dono de avião de dois motores, filho engenheiro e eu deputado estadual, filho procurador federal. 
    Tempos felizes. Impossível esquecer a nossa presença sempre juntos no clube e na igreja, na feira e no bar, no conchavo e no comício. Com alegrias e tristezas intercaladas de compromissos, de coragem, de lealdade. 
    As obrigações pessoais e a idade, nos fizeram morar afastados, ultimamente, distantes as famílias, as atividades de cada um exigindo presença em lugares diferentes. Mas sempre compadres. 
    Sertanejos aqui nascidos, amávamos o lugar, as pessoas, o ambiente rural e urbano, a sociedade, o comércio, os modos deste mundo semiárido e feliz. 
    Distante o tempo em que ele discutia com Heleno Amaro, devedor na sua fábrica de cadeiras, na linha de ferro da estação em Sousa, e eu contratava um conjunto de sanfona e pandeiros e desfilava num jipe nos bairros e no centro da cidade.
    A vida deu certo para nós dois. Ele construiu casa boa na rua, chácara de luxo e barriga cheia numa área nobre. As melhores famílias, ricos e pobres votavam em mim, nenhuma festa em casa de Zégadeia ou do Coronelemidio foi maior do que as dele com senador, governador e tudo. 
    Compadre Dezinho contava uma história que eu comprei um cabaré. Retaliação porque eu contava outra que ele pagou com um “roscof” que não valia 200 uma conta de 2000 ao velho Azarias Sarmento. 
    Ele viajou para o outro mundo e eu estou com o pé no estribo do carro para embarcar para lá. E com Luiz Gonzaga, Nivaldo, Sabino e outros amigos, faremos a nossa festa eterna.
    Saudade. O tempo voa.


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