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  • João Bernardo de Albuquerque e o brilho das letras

    13/05/2015

     Morou em Sousa e agitou o ambiente social - como o fez em todos lugares por onde passou e viveu -, o bacharel e poeta João Bernardo de Albuquerque, um nosso conterrâneo das barreiras do Rio do Peixe, nascido ali na cidade irmã São João, nomeada depois Antenor Navarro, voltando atualmente ao topônimo do passado, da sua cristã origem: São João do Rio do Peixe. 
    Em Sousa ele se fez importante, necessário, requisitado, em ações no tocante a elevação do nível social e de funcionamento de instituições civis e públicas que compõem o cerne da sociedade. Jurista de formação na Faculdade de Direito do Recife, famosa nacionalmente, marcou época – como o fizeram Castro Alves e outros notáveis numes das letras brasileiras, impondo regras de comportamento seguidas pela juventude boêmia e culta que frequentou aquela renomada escola do direito, alegrou e destacou a vida cultural da metrópole pernambucana.
    João dava destaque às festas locais com a sua presença. Não ficava no “sereno”. Até tiros trocou com outro advogado numa rua central da cidade. E construiu a mais bela, moderna e funcional casa da cidade, ofuscando o bangalô do rico Ulisses Barros e os sobrados senhoriais de Emidio Sarmento e de Otacilio Sá.
    João era um homem de estatura alta, de ideias altissonantes, casado com uma mulher também alta, bonita, que se mostrava sempre ao seu lado e eram avistados de longe, mais ainda pela elegância do traje, o perfume francês que rescendia por onde passavam. Valia a crônica da sua vida, o ímpeto de suas atitudes.
    Uma parentela de sua esposa, pessoas destacadas, veio morar em Sousa, construíram casas também em estilo moderno, fizeram nascer uma rua chamada nobremente Rua das Princesas, escondendo o despeito local. Estabeleceram-se com lojas comerciais no ramo de tecidos e sapatarias, muito frequentadas. Nas tardes sertanejas as mulheres sentavam em rodas nas calçadas, deslocavam-se em troca de visitas de uma para outra residência, eram espionadas, invejadas. 
    Esses recém-chegados eram cearenses do Iguatu, e permitiram, sertã-nejos como nós, franco congraçamento entre a população dos dois burgos, a elite propriamente. As orquestras de baile se visitavam em festividades concorridas, muitas famílias uniram-se pelo casamento e os seus descendentes andam pela ruas, moram nas fazendas. Deu até preso no Golpe de 64, João Amílcar, estimado por todos, casado no povo de Napoleão do Forno Velho.
    Mudando-se o jurista e poeta para morar na capital, pelo exercício do cargo público, foi vendido o palacete – luxuosa mansão −, ao benemérito sousense João Virgínio de Sousa, o conhecido João Cazé, estimado fazendeiro de família numerosa, sendo com o seu falecimento, demolido em razão do inventário e pela valorização do terreno, dada a sua localização em rua central extensão e valor.
    Deixo que falem sobre João Bernardo − o poeta, o homem de gênio −, intelectuais de renome nacional, e indico as fontes facilmente acessíveis nas páginas da nossa saudosa revista “Letras do Sertão”, disponíveis no meu site Prosa Caótica na internet, no CCBN e com alguns amigos a quem doei, gravados em DVD a coleção completa dos exemplares. Disponho de outros, que posso presentear aos que me solicitarem. 
    Começo com a transcrição de texto de Mauro Mota, mestre do jornalismo, da Academia Pernambucana de Letras, que vale pela verdade testemunhal da convivência. (contnua)


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