Você, na época, era assessora especial de “Biu”, acredito, então presidente da API completando cinquenta anos. Sempre respeitosa, e atenta para as infinitas complicações da agenda pessoal e profissional do preclaro chefe. Porque Biu, sabemos como ele era. As damas o cortejavam, os políticos o assediavam, os bares (o de Moura na API encenava um cerimonial especial) ofereciam-lhe mesas e adega sortida, ambiente reservado para as suas reflexões. Ele não resistia. Daí as dificuldades e encrencas inesperadas. Tenho-lhe respeito, admiração e amizade. Para mim é um dos gênios da nossa Paraíba. O mais é fofoca de “despeitado”, como reagia o nosso coevo poeta “Caixa Dágua, às críticas à sua abrumada poesia.
O caso Lena, é que a minha admiração pelos antigos companheiros e correligionários tornou-se simplesmente pessoal e respeitosa. Passara a viver a condição de pequeno proprietário rural com os seus problemas vexatórios. Mas no fundo da memória restavam ideias antigas de construir de transformar. Rematada tolice. Deixei o meu partido e ingressei noutro (o PT) que prometia a realização daqueles sonhos, se dizia socialista, combatia no nascimento o neoliberalismo, que destruía a nação com o venal Fernando Henrique à frente. O desastre foi maior. Deste também me desliguei, entrei no PSB com a sombra de Arrais nas minhas lembranças de estudante no Recife. Ricardo apresentou-se, destruiu eticamente a legenda. De uma geração mais nova, afastado da cena, não o conhecia. Fui na onda.
O notável linguista e filósofo Chomsky (do MIT-USA) fala que a “fabricação de ilusões necessárias para a gestão social é tão velha como a história... a instrumentalização dos cidadãos se faz através dos mais poderosos meios de manipulação de massa criados até hoje pelo o homem: a imprensa, o radio e a televisão” Aí encontramos com todas as letras o fenômeno-origem de Ricardo Coutinho. Assim é fabricado o adesismo ao seu nome. Maranhão, Cássio, Nadja, Aracilba e a Paraiba sabem da verdade. Eis um político que disputa e exerce o poder com métodos de bandoleiro e agressividade de assaltante, para quem as palavras não têm valor, a verdade não se distingue da mentira.
Individuo medíocre, pessoa sem qualificação que o eleve moralmente, mostra-se indiferente como cidadão à obrigatoriedade da obediência à Lei. Passa por cima de tudo, até do respeito aos bons costumes. Dizem que ele é um vitorioso. Contesto. Ele é um comerciante esperto, comprou e ganhou todas as eleições. Que o digam Maranhão, Cássio, os Morais de Santa Luzia, os Galdino de Piancó, os Braga de Conceição, os Maias de Catolé do Rocha, os cajazeirenses e cajazeirados, os parceiros de Sousa, e de todas as cidades paraibanas. A sua vida é construída na soma de fenômenos, no caso, que o envolvem e ele patrocina, alguns estapafúrdios e imorais criando legenda.
Sem pretender ofender, somente noticiar o que é de todos conhecido, ele foi incluído na mídia, mediante apresentação (suponho) de argumentos e documentos como o governador mais rico do Nordeste; e desapareceu de circulação, todos lamentam e sentem a ausência de sua bela esposa a inteligente e suave jornalista Primeira Dama Pamela Bório. Falou-se em choque incontornável de temperamentos, até em Lei Maria da Penha. Fico com a última hipótese. Enquanto isso, a Paraíba chora as suas dores, no azar do destino, do personagem do Poeta do EU:
”Ah um urubu pousou na minha sorte!”
Agora mudando o personagem, o meu amigo e conterrâneo Inaldo Leitão revela-se confuso ante a realidade política paraibana. Não duvido da sua inteligência. O problema é que ele tem viajado muito, perdido o contato com a nossa realidade. Melhor para ele. Porque Ricardo é esperto, safado e competente nas suas ações. Nada mais de socialismo. Sabe que a Globalização é fruto do neoliberalismo, que tem na supremacia do Mercado a sua realização. Conhece a cotação, as potencialidades eleitorais do momento, o valor de cada liderança no balcão de negócios, regateia como no mercado, paga o preço, ganha a eleição. Esta a nossa democracia. Assim será enquanto prevalecerem os preceitos de Ali Babá.
Outro engano de Inaldo. Ele escreve com todas as letras que FHC é o pai do desenvolvimento do equilíbrio econômico do país. Dá pena semelhante desinformação partindo de um prócer do seu quilate, que chegou ao governo do Estado.
Acompanhei através da imprensa, o trágico e doloroso processo de privatização de empresas públicas nacionais, com a submissão do governo brasileiro às normas do "neo-liberalismo" que entregava o destino da população de todo o mundo ao Mercado Global. Aqui foi perpetrado o maior e mais vergonhoso assalto ao patrimônio e honra de uma nação, precisamente no governo de Fernando Henrique Cardoso o mais venal e achacador propineiro de todos os tempos no nosso país. Denunciei a ação lesa pátria iniciada com Delfim Neto e sua gangue na ditadura militar.
Veja você amiga Lena, como pouco temos a conversar, dado a divergência dos nossos raciocinios sobre a Paraiba e os seus líderes atuais. Gostaria entretanto de vê-la, quem sabe naquele ambiente antigo em que Biu me enclausurou e eu perdi uma eleição: o Cassino da Lagoa, se ainda funcionar. Com personagens do tempo se ainda viverem.