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  • Eu, Mariz e talvez você

    03/04/2014

     Eu, Mariz e talvez Você
    O 16 de setembro de 1995

    Já não sei mais onde me encontrava naquele sábado escuro. Mas sabia que a qualquer momento a notícia chegaria. Em estado de pré-coma desde o dia anterior, o mais importante doente da Paraíba estava prestes a partir para a eternidade. O telefone tocou. Era o vice-governador José Maranhão. A agonia de Mariz, disse, chegara ao fim.

    Corri em direção à Granja Santana. Àquela altura a notícia já se espalhara com a velocidade da luz. Rádio ligado, ouvi do carro a voz do secretário de Comunicação Social, jornalista Walter Santos, anunciando à imprensa o falecimento do governador Antônio Marques da Silva Mariz, 57 anos, às 18h58, na residência oficial do governante. Embora já houvesse uma natural expectativa para aquele desfecho triste, o fato é que a comoção tomou conta de cada um dos cidadãos de todos os municípios do estado.

    Eu já chegara na área externa da Granja, completamente atordoado, quando fui abordado pelo radialista Luiz Otávio (Rádio Correio, já falecido) para prestar uma declaração sobre a morte de Mariz, mas a voz fora cortada pelo choro convulsivo. Não conseguia falar. Havia uma intensa movimentação de pessoas que chegavam ou saiam do local, sobretudo de deputados, prefeitos e auxiliares do governo, além de familiares e amigos do falecido. Segundos após o anúncio do falecimento, muitos aproveitaram a ocasião e saíram em desabalada carreira do interior da Granja para fazer uma aparição na televisão e no rádio, no papel de porta-vozes não autorizados da má notícia. 

    Começamos a falar sobre os preparativos do funeral, essas coisas que vão nos conduzindo ao enquadramento real da situação. O caixão, o velório, o horário do sepultamento, a nota oficial a ser publicada nos jornais, o convite público para a última homenagem ao morto, a passagem pela Assembléia, a organização da visitação pública em Palácio. Mariz morto? Impossível acreditar que aquele gigante da política estivesse agora sem vida, impotente, inerte, sendo embrulhado num palitó e logo em seguida conduzido por várias mãos para dentro de um caixão que, horas depois, seria depositado numa vaga do jazigo familiar do Cemitério Senhor da Boa Sentença.

    Líder do governo na Assembléia Legislativa, cabia-me o papel de, juntamente com o presidente Carlos Dunga, mobilizar o colegiado para as homenagens de estilo. Foi difícil conciliar a emoção provocada pela perda do líder e amigo com os procedimentos comuns a ocasiões como aquela. Escalado para fazer o discurso de despedida em nome dos colegas, dirigimo-nos da Assembléia ao Palácio da Redenção e postamo-nos diante do caixão, colocado estrategicamente no salão de entrada, facilitando o acesso direto do grande público para o último adeus a Mariz. Confesso que me preparei para a ocasião, mas fui um fracasso total. Ao fitar o corpo imóvel daquele verdadeiro El Cid paraibano, na feliz comparação do jornalista Anco Márcio, não passei de algumas palavras e logo as lágrimas me impediram de prosseguir na oração. Fui socorrido pelo então deputado federal Gilvan Freire.

    A Paraíba toda estava parada, perplexa, triste, de luto. As emissoras de rádio, de Cabedelo a Cajazeiras, substituíam a programação normal para intercalar música fúnebre com depoimentos sobre a figura do falecido governador. A Rádio Tabajara, que tinha como superintendente o jornalista Petrônio Souto, liderou a maior cadeia de emissoras de rádio da história da Paraíba na cobertura de um evento. O passo a passo – do anúncio do óbito ao sepultamento – foi acompanhado em tempo real pela emissora oficial e resultou no livro O ADEUS A MARIZ – A Cadeia da Solidariedade (A União, 1995). 

    Para o sepultamento de Mariz vieram o presidente da República em exercício, Marco Maciel, e os governadores: Miguel Arraes (PE), Mão Santa (PI), Garibaldi Alves (RN), Antônio Brito (RS), Divaldo Suruagy (AL), Albano Franco (SE) e Moroni Torgan (CE, em exercício). Além de políticos, autoridades, intelectuais, empresários e pessoas das elites em geral, o que teve de mais significativo foi a participação popular. Os microfones da Tabajara ficaram congestionados com ligações telefônicas vindas dos mais distantes lugares, inclusive da zona rural. Eram pessoas simples e humildes que ligavam de telefones públicos para manifestar seu pesar pelo falecimento de Mariz, com a sincera intimidade que tinham com o líder. Sim, porque Mariz tinha, digamos, uma linha direta com as pessoas comuns e uma incomum paciência para ouvi-las. Durante anos de convivência, fui testemunha dessa interlocução de sinceridade e pureza entre o líder e liderados.

    Ao contrário do que muitos imaginam, a doença do inveterado fumante Mariz não fora causada pelo enfisema pulmonar. Ele teve câncer de reto, que se manifestou no ano de 1992. Lembro da primeira visita que lhe fiz no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, após a cirurgia. Estava acompanhado do então prefeito de Sousa, Mauro Marizinho Abrantes, e do médico sousense João Bosco Gadelha de Oliveira, já falecidos. Envergando um estranho jaleco branco (ou uma bata), essas roupas de doente, tomei um susto. Aquele não era o Mariz dos palanques, o gigante das ruas, o político dos debates, o parlamentar dos discursos brilhantes, o homem que transpirava coragem e seriedade na sua trajetória de vida pública. Ou privada.

    - Tudo bem, Inaldo? Tudo bem, Marizinho? Tudo bem, Bosco?, repetiu, no seu estilo característico de mencionar o nome de cada interlocutor. – E as coisas em Sousa?

    Respondemos quase em coro que tudo ia bem e que todos lá torciam por sua recuperação.

    - Estou sentindo falta do cigarro, lamentou. – Mas consegui fumar um escondido atrás do biombo, disse com um sorriso tímido e quase envergonhado pela dependência do free longo box. Mas, ao mesmo tempo, como se tivesse feito uma travessura bem sucedida.

    Não devíamos demorar muito, a cirurgia era recente e o paciente precisava de descanso. Na época eu era Secretário de Cidadania e Justiça do governo Ronaldo Cunha Lima, justamente indicado por Mariz. Indagado por ele, informei que Ronaldo estava fazendo uma excelente gestão, tinha uma boa dinâmica de trabalho e, apesar do quadro econômico difícil no país (Fernando Collor era o presidente), as coisas estavam indo bem. Despedimo-nos, enfim, mas eu, particularmente, sai do encontro carregando uma imensa tristeza, embora não fosse médico e não pudesse dimensionar a real gravidade da situação. Porém, só em saber que era câncer...

    De fato, essa impiedosa doença não largou Mariz nos anos seguintes. Submetido ao doloroso tratamento, enfrentou-a com serenidade e coragem, embora com a aflição presente em certas ocasiões. Passou a ter uma vida mais limitada, reduziu o ritmo das viagens, economizou ainda mais na bebida. Só não conseguiu se livrar do cigarro e diminuir a paixão pela política.

    Já governador, Mariz embarcou para Sousa no dia 1º de maio de 1995, data que era uma de suas preferidas, desde quando era o jovem prefeito de Sousa, em 1963, e comemorava com entusiasmo o dia do trabalhador. Na noite anterior, 30 de abril, participamos do carnaval fora de época da cidade, o Sousafolia. Embora estivéssemos no camarote, não conseguimos nos proteger totalmente da chuva fina com vento que animava a festa. Acredito que a neblina tenha provocado a gripe seguida de pneumonia que lhe acometeu. Às 7 horas da manhã seguinte, Mariz compareceu à missa na Igreja do Bom Jesus Aparecido e sentiu os primeiros sintomas da gripe, associada com a fragilidade de seu estado de saúde. Teve um quase desmaio no templo religioso e foi levado para descansar em casa. Isso não o impediu de cumprir agenda no gabinete da presidência da Câmara Municipal e lá receber prefeitos, vereadores, lideranças comunitárias e gente do povo. Um tumulto.

    Como o quadro estivesse se agravando, o retorno do governador a João Pessoa fora antecipado para aquele mesmo dia. O consenso era um só: Mariz devia ir para São Paulo imediatamente. Mas ele não queria. Cheguei na Granja Santana de manhã e o vi respirando através de um pequeno equipamento de oxigênio. E fumando. Conversei com Mabel (esposa) e ela disse que Mariz não queria se tratar fora da Paraíba, mas ia insistir. Liguei para os senadores Humberto Lucena e Ronaldo Cunha Lima e combinamos uma pressão conjunta sobre o rebelde doente. Depois de muita conversa, respiramos aliviados. Ele iria para São Paulo, precisamente para o Hospital Albert Einstein. Aí surgiu um novo problema. Liguei para o chefe da Casa Militar, coronel Lima Irmão, comunicando a decisão e solicitando as providências para a viagem, principalmente a locação de uma aeronave.

    -Viajo no vôo comercial, não há necessidade de locar um avião, até porque é muito caro, falou no seu estilo austero.

    Foi necessária a intervenção da equipe médica que o assistia, à frente Ricardo Maia, determinar expressamente que ele tinha que viajar numa aeronave especial, devidamente equipada e com um médico e uma enfermeira a bordo, acompanhando-o durante o percurso. Ainda hoje lembro da expressão no rosto de Mariz na hora da partida. Subi na aeronave, ele estava na poltrona bem reclinada, apertou forte a minha mão e eu lhe disse para voltar rapidamente e curado, pois a Paraíba precisava dele. Embora não fosse possível esconder a debilidade física, seus olhos tinham um brilho especial e bonito, como que revelando, em contraste, a enorme vontade de viver.

    Fui inúmeras vezes a São Paulo visitar Mariz no Hospital. Numa das últimas visitas, estávamos eu, Mabel, o secretário de Infra-Estrutura Carlos Pereira e o coronel Lima Irmão, chefe da Casa Militar e que cumpria mais do que uma obrigação do cargo: revelou-se um desses raros amigos que a vida nos oferece. O governador chamou Pereira, um auxiliar de sua escolha pessoal e velho amigo. Depois foi a minha vez. Começou a falar com algum esforço e na primeira frase já fui percebendo que aquele era um encontro de despedida. 

    - Já conversei com Carlos Pereira e com Maranhão. Quero entregar minhas bandeiras a vocês. As estradas de Sousa precisam ser feitas (ligação para Santa Cruz, São José da Lagoa Tapada, Nazarezinho e Lastro), esses foram compromissos que assumi. 

    E saiu listando as ‘bandeiras’, que era como se referia ao que julgava como as primeiras ações do governo: o canal de transposição de águas Coremas/Sousa; o projeto dos Ciganos, que consistia em instituir um meio de vida para aquela comunidade discriminada e ex-nômade; o programa estadual de combate à fome e à miséria; e a construção do Centro Cultural de Sousa, cujo projeto fazia questão que fosse de Oscar Niemayer. Sai da conversa arrasado. Tomei um táxi para o hotel e fui tomado por uma estranha falta de ar. Mandei o motorista parar, paguei o percurso utilizado e segui caminhando pelas ruas de São Paulo. Só assim voltei a respirar normalmente (descobri depois que tanto no período de tratamento quanto após a morte de Mariz contrai uma doença chamada síndrome de pânico. Minha cura foi rápida). 

    Sempre que visitava Mariz em São Paulo, ele falava sobre a data do casamento da filha Luciana. Eu percebia que ele gostaria de viver até aquele dia, ainda que não dissesse (claro) expressamente. Data marcada, fui a Brasília para a cerimônia. Tomamos o café da manhã no seu apartamento. O prefeito Marizinho e a primeira-dama Maria do Socorro estavam comigo e Aíla. Mariz se contorcia muito. Sentia dores e não encontrava posição para sentar fixamente na cadeira. Conversamos sobre várias coisas e saímos dali melancólicos.

    De noite, na Igreja, o coronel Lima Irmão me informou que Mariz não teria condições de conduzir a noiva da entrada da Igreja até o altar. Era o jeito entrar pela porta lateral e fazer um trajeto bem menor. Feito isto, foi providenciada uma cadeira de almofada para que o pai da noiva assistisse à cerimônia sentado. Ainda assim, Mariz demorou-se mais do que o previsível na recepção, que ocorreu numa casa de festas do Lago Sul. A alegria pelo casamento de Luciana era o combustível para a resistência heróica do doente Mariz. Aquele quadro de debilidade, entretanto, aprofundava minha tristeza, apesar de ser um dia de festa.

    Depois daquele início de maio, Mariz só voltaria à Paraíba no terceiro decêndio de agosto. O desembarque ocorreu no Hangar do Estado na tarde de um domingo, sendo do conhecimento de um restritíssimo grupo de pessoas. No dia seguinte fui chamado pelo governador à residência oficial. Cheguei bem cedo. 

    -Tudo bem, Inaldo? E as coisas, como vão?, perguntou-me.

    -Agora estão bem, com a sua chegada... – respondi, meio acanhado, pois tomei um choque ao ver Mariz numa cadeira de rodas, se contorcendo um pouco, usando óculos que antes não tinha (a não ser para leitura) e um tanto envelhecido e magro. Mas, ao mesmo tempo, fiquei feliz em tê-lo de volta, vivo, respirando e com a cabeça em ordem.

    -Gostaria de reunir a bancada (estadual) do governo hoje aqui na Granja, você acha possível?

    -Bem, apesar de ser uma segunda-feira, com os deputados quase todos viajando para o interior, eu posso tentar, vou iniciar os contatos imediatamente.

    E assim fiz. A notícia do retorno do governador era suficiente para que os deputados retornassem com incrível rapidez para participar da reunião à noite, apesar de ser um dia impróprio, pois a segunda-feira é um dia reservado aos parlamentares para visitar as “bases.” Outro motivo talvez não fosse capaz de tamanha façanha.

    Às 19 horas eu já estava na Granja. Minutos depois os deputados começaram a chegar, de modo que antes das 20 horas todos, sem exceção, estavam presentes. Mas aí aconteceu um imprevisto. Mariz estava com muitas dores e não tinha como participar da reunião. Fui chamado por Cláudio de Paiva Leite, seu amigo pessoal e chefe de Gabinete, até o quarto para falar com o governador.

    - Estou com uma dor de lascar e sei que os deputados estão aí. Vieram todos?

    - Todos, nenhum faltou, seu prestígio com a bancada é muito grande, registrei.

    - Pois é, o problema é que não posso me levantar, disse, queixoso. O que fazemos?

    - Eu tenho uma idéia: se você concordar os deputados virão ao seu quarto em grupo de três. Nada de despacho, só vão lhe cumprimentar e sairão daqui satisfeitos e certos de que você está bem e vivo, ponderei, em tom relaxado, meio moleque.

    Mariz concordou com a solução apresentada e assim foi feito. A cada grupo que entrava Mariz dava um show de boa memória e isso impressionou os parlamentares. Perguntou a todos por pessoas a eles ligadas por laços de parentesco ou da relação política. Com isso, sua prodigiosa memória compensou a debilidade física. Deputado vive de prestígio, real ou aparente. Na manhã seguinte, na sessão da Assembléia, os parlamentares se revezavam na tribuna e concediam entrevistas no Comitê de Imprensa para narrar o contato com o governador, enfatizando que Mariz estava com “a cabeça ótima”. Ora, para se governar, mais vale o cérebro do que as pernas. A missão estava cumprida. Por enquanto.

    O último esforço público de Mariz ocorreu em 21 de agosto daquele 1995, no dia seguinte ao encontro com a bancada. Ele concedeu uma entrevista coletiva na Granja Santana, ocasião em que deixou claro o seu compromisso prioritário com os servidores públicos estaduais, reafirmou a necessidade de levar adiante a reforma administrativa, falou sobre sua participação nas eleições municipais e de seu estado de saúde. A uma pergunta sobre o que mais queria fazer depois do seu retorno à Paraíba, a resposta bem traduzia a personalidade do governador: “O que eu mais queria, mais quero, é ter um contato mais direto com o povo paraibano, porque quero estar me deslocando, participando das inaugurações, do início das obras, em suma, receber as pessoas, conversar com elas. Isso é realmente muito importante, que é ouvir as pessoas”. Pronunciadas por outro político, podia gerar a suspeita de que fossem palavras demagógicas. Jamais seria o caso de Mariz – ele era assim mesmo, sinceramente.

    Os dias seguintes foram complicando o quadro de saúde do governador. As dores aumentavam. A agenda de trabalho era cada vez mais reduzida. Era a conseqüência da metástase que se espalhava pelos órgãos vitais e pelos ossos, incluindo a calota craniana.

    Acho que dei uma das últimas alegrias a Mariz. Ele queria construir um Centro Cultural em Sousa e seu arquiteto seria Oscar Niemayer, o gênio da arquitetura brasileira, idealizador de Brasília e reconhecido mundialmente. Pediu-me para, juntamente com Carlos Pereira e Iveraldo Lucena (secretário de Educação), viajar ao Rio de Janeiro e convencê-lo a elaborar o projeto. Como nossa agenda não coincidia, resolvi ir sozinho. Voei para a Cidade Maravilhosa cedo da manhã, conversei com Niemayer no seu escritório na avenida Atlântica e retornei a João Pessoa na noite do mesmo dia com a boa notícia: o projeto seria elaborado pelo grande arquiteto. Na manhã do dia seguinte aportei na Granja, fui até seu quarto e comuniquei o fato a Mariz. Nem as dores que estava sentindo naquele momento foram capazes de lhe retirar um sorrriso de felicidade. Seus olhos expressaram uma alegria especial.

    Essas lembranças estavam comigo no velório, no trajeto para o cemitério, na hora do sepultamento, tudo embalado pela voz da cantora lírica Ana Gouveia ao entoar a Oração de São Francisco. Parece que nesses momentos, em que perdemos uma pessoa querida, o passado revolve a nossa mente. Aquilo era como um filme. Eu via Mariz em vários momentos de nossa convivência. Na “Casa Grande” de Sousa, em que uma animada conversa na sala principal reunia os correligionários mais fiéis nas suas visitas à cidade, às vezes varando a madrugada. O grupo variava de acordo com o poder político que Mariz detivesse na ocasião. Depois que perdeu a eleição de governador em 82 e ficou sem mandato, os freqüentadores rareavam. Ou no terraço da casa de dona Noêmi, sua mãe, onde costumávamos colocar os assuntos em dia, exercitando nosso senso crítico. O ‘filme’ passava também as imagens das campanhas eleitorais, da apuração das eleições, dos comícios, das passeatas e carreatas, das alegrias e das tristezas com o resultado das urnas.

    E agora eu estava ali, comprimido entre uma multidão de pessoas tristes e que rezavam – certamente as mesmas que foram às urnas na última eleição e depositaram as esperanças de dias melhores no governador – acompanhando todo aquele ritual de tristeza, frustração e lágrimas, muitas lágrimas. O momento final foi o mais triste e impactante. O caixão descia lentamente cova abaixo, e o coveiro, impassível (os coveiros são assim, naturalmente), procurava fazer os ajustes necessários para o encaixe preciso naquele cubículo. Só aí eu percebi realmente que Mariz havia partido de nossa vida, saído de nossa história e sumido dos nossos olhos – para sempre


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