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  • 20 ANOS SEM MARIZ: O detalhe

    08/09/2015

     No dia 15 de novembro de 1982, foram realizadas as eleições para governador, senador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador. Na Paraíba, como é consabido, o deputado federal Antônio Mariz foi o candidato do PMDB a governador. Apesar da mobilização de setores influentes da sociedade e da grande euforia que se via pelas ruas, o candidato peemedebista sabia que a peleja não era fácil.

    Acuado nas regiões sul e sudeste, o regime militar montou um bem elaborado plano para vencer as eleições na região nordeste, com a remessa de verbas da União para os governadores biônicos e a vinculação geral de votos. A Paraíba, evidente, entrou no arrastão eleitoral. Como escreveu o historiador José Octávio de Arruda Melo, a disputa paraibana de 1982 foi travada entre a sociedade e o estado - com a vitótia deste último.

    Na época, a apuração começava após encerrada a votação e demorava uns três dias, pois o voto era dado através de cédula. Em Sousa, a contagem dos votos ocorreu na Câmara Municipal. Era lá que Mariz se encontrava e só saimos com ele do ambiente depois de conhecido o último voto. Fomos massacrados. Além da derrota para governador, perdemos a eleição municipal, com a vitória de Cozinho Gadelha (PDS).

    Enquanto as bombas espocavam pelas ruas de Sousa, nós tentávamos dormir. Deve ter sido a nossa pior noite de sono - ou insônia. Mariz convocou reunião do partido para o dia seguinte ao encerramento da apuração, dia 19, na Lagoa dos Patos de Dezinho Queiroga, que ocorreu à tarde.

    Entre os presentes, o prefeito Sinval Gonçalves, Bosco de Zuca, Tico Coura, Orlando Xavier, Jucélio Rocha, Mundinho de Nezinho, Laércio Pires, João Estrela (os dois últimos derrotados para prefeito, em sublegenda), Homero Pires, Sinval Mendes, Zier Pires, Clarence Pires (eleito deputado estadual), Zelito Facundo (tesoureiro), eu e outros que me fogem à lembrança.

    Antônio Mariz fez uma avaliação da campanha, citou algumas causas da derrota, lembrou que o PDS venceu nos nove estados nordestinos e conclamou os companheiros para continuar a luta. Mas eu desonfiava que aquela reunião não tinha apenas aquele objetivo. Devia haver algo mais urgente. E havia. A preocupação imediata dele logo seria revelada:

    - Zelito me disse que temos várias pendências da campanha. Perder eleição é algo que pode acontecer a qualquer candidato, outras eleições virão. Mas um partido que não paga suas contas fica desmoralizado na cidade e isso não podemos deixar acontecer.

    O tesoureiro fez um balanço das contas e apresentou o valor devido, sobretudo a pessoas humildes. Eram débitos da banda de música, pintura de muro, escola de samba, fogos, aluguel de veículos e combustível, basicamente. O próprio candidato a governador deu a primeira contribuição e nós rapidamente fechamos o valor necessário para quitar integralmente o débito.

    Essa atitude de Mariz pode parecer de menor importância. Mas não é. É por um pequeno detalhe que um candidato sofre um grande impacto na credibilidade. Como ele disse, outras eleições viriam. E vieram com vitórias sucessivas: 1986 (Burity governador, Humberto e Lira senadores, Mariz deputado federal mais votado), 1988 (João Estrela prefeito), 1990 (Ronaldo governador e Mariz senador), 1992 (Marizinho Abrantes prefeito) e 1994 (Mariz governador, Humberto e Ronaldo senadores, eu deputado estadual)


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