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Pequeno mundo
04/05/2015
Ninguém dita o lugar para nascer e muitos não escolhem onde vão morar. Nasci em Sousa por que meus pais, a natureza e Deus assim quiseram. Fui morar no Recife para estudar. Voltei a Sousa para trabalhar. Fui de mudança para João Pessoa para exercer cargo público (secretário da Justiça) e mandato eletivo (deputado estadual). E, enfim, vim para Brasília por força do mandato de deputado federal.
Continuei morando em Brasília por razões profissionais, ou seja, minha atuação como advogado e procurador é nos Tribunais Superiores e no Supremo Tribunal Federal. Que, por óbvio, só existem aqui. Aonde eu vou, porém, carrego minha origem sousense na bagagem. Um exemplo?
Vou dar. Na semana Santa viajei com Aília para os Estados Unidos, fora do tradicional roteiro Nova Iorque-Miami-Orlando. Na companhia do casal-compadre Barreto e Cristina, fomos hóspedes do Pastor Inaldo Camelo em Henrico, um condado que fica colado em Richmond, capital da Virgínia. Nossa escolha foi esta: visitar o interior norte-americano.
Foi uma viagem deliciosa por diferentes razões. Uma delas foi porque reforcei minha convicção de que este mundo é mesmo pequeno. Como se verá adiante.
Pegamos a estrada e conhecemos várias pequenas cidades, mas duas foram marcantes. Williamsburg (16 mil habitantes), um importante palco da Guerra Civil americana, foi a primeira. Logo que entramos na cidade, avistei uma senhora elegante, cabelo arrumado (parecia ter saído dos bobes), sandália de salto e bem esguia saindo da Universidade local. Era a cara de quem? Ora, Maria Morais, minha secretária no Campus VI.
Foi passando na rua um fotógrafo com as pernas cambotas, andar desordenado, bigode fino e calvice avançada: Bosco fotógrafo. Um sujeito magro, usando tênis, cara de estressado, sempre coçando a cabeça e o cabelo caindo, só podia ser Maurício Abrantes. Sentamos na área externa de um bar e veio o garçom: moreno, bigodudo, calça pegando marreca e andar preguiçoso: Valmir Garçom.
Um homem de branco estava sentado na praça bem perto da réplica de Thomas Jefferson. Calado, olhar sereno, cabelos prateados e ar despreocupado: Zé de Tosinho. Entrei numa Delicatessen para comprar chocolate e do outro lado do balcão estava o (provável) dono em camisa de punho, sorriso fácil, a careca disfarçada e bem energizado: Antônio Marmo.
A outra cidade chama-se Annapolis (38 mil habitantes), no Estado de Maryland. Saimos caminhando pelas ruas e tinha um cantor se apresentando ao ar livre. Se não fosse pelo cabelo longo, a semelhança era absoluta: Ivan Rosendo. Entramos numa casa de vinhos e uma dupla atendia a clientela. Um deles era barbudo, cabeleira mais branca do que preta, gordo, baixa estatura, óculos e cara de preocupado: Bosco de Zuca. Seu parceiro era menos obeso, mais alto e os cabelos totalmente brancos: Zé Marques.
Entramos em um clássico Saloon americano e logo dei de cara com um cantor de música country que era a réplica de Tôsinho (ex-Uirapuru Zimbo): brancoso, testa protuberante e sorriso contido. Numa mesa, na companhia de dois colegas de copo, estava um camarada que parecia frequentar o bar todos os dias: barrigudo, pose de rico, denotava simpatia e não parava de conversar. Quem? Dão Nonato.
Vou parar por aqui...mas tem mais sousenses por lá.
Já no avião de Washington para Brasília, dei um cochilo e quando acordei pensei que tinha ido a Sousa.
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