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  • O Poderoso Chefão

    01/04/2019

    O título acima foi dado à famosa trilogia cinematográfica do diretor Francis Ford Copolla, baseado no best seller do italiano Mario Puzo, que descreve o surgimento, desenvolvimento e consolidação do poder da Máfia nos Estados Unidos, com seu império de crimes, logo após a II Guerra Mundial.
    No filme, a partir de assassinatos, tráfico, roubos, assaltos, extorsão e todo tipo de crime, a Máfia se apodera de agentes públicos (deputados, senadores, juízes, prefeitos, delegados, agentes policiais) para proteger seus interesses e prolongar seu reinado criminoso.
    Aqui na Paraíba, desde o ano de 2005, teve início a implantação de uma estrutura de poder político, a partir de uma vitória eleitoral que levou ao comando da prefeitura da Capital um ex-vereador, militante petista, que chegou a ser expulso da legenda lulista por não se enquadrar nos quesitos obediência e confiança partidária.
    Após quatro anos de mandato, com sucesso administrativo, foi fácil conquistar a reeleição em 2008, já com as raízes do chamado Coletivo fincadas na estrutura administrativa da maior prefeitura do Estado, com verbas a perder de vista.
    Os olhos de lince do maquiavélico político já estavam voltados para o poder maior. A ambição era o controle da máquina estatal. Para tanto, teve início a montagem de um Aparato de desvio de dinheiro público destinado ao financiamento da próxima batalha eleitoral. Tal Aparato ficou a cargo do seu substituto na Prefeitura de João Pessoa, já que o titular renunciou ao mandato de prefeito em março de 2010, para se habilitar à disputa pelo governo do Estado.
    Duas ações criminosas marcaram esse período. À semelhança dos grupos armados da esquerda radical dos anos 60/70, que assaltavam bancos e residências de milionários, nas denominadas expropriações para financiar a luta armada, o Aparato executou as operações do Jampa Digital e da Fazenda Cuiá, que resultaram em consideráveis volumes de verbas públicas desviadas para a campanha eleitoral de 2010.
    Mas uma delas, o Jampa Digital, também resultou no assassinato do jovem servidor da PMJP Bruno Ernesto, Diretor da Área de Informática que, por azar, descobriu a maracutaia e, por infelicidade , se colocou como obstáculo diante do Aparato criminoso. Pagou com a vida.
    O Coletivo e seu Aparato delinquente obteve êxito e seu comandante assumiu o poder estadual.
    A partir de então, implantou-se um reinado de terror, medo, opressão, perseguição e, claro, roubalheira generalizada em todos os setores da máquina estadual.
    Quem não fosse leal aos ditames do Rei, seria deixado ao largo do caminho, o que ocorreu com quase todos os primeiros súditos na prefeitura, que sabiam muito, ou melhor, sabiam tudo.
    Nesses oito anos, o Coletivo e seu Aparato delinquente, espalhou-se feito câncer por toda a malha financeira do Estado, com o objetivo maior de desviar verbas, dinheiro público, destinados a encher bolsos e patrimônios de seus integrantes (secretários, parentes, famílias dos chefetes, enfim, todo o entorno do rei) e financiar as campanhas de apoiadores e cúmplices nos parlamentos federal e estadual, nas máquinas do judiciário e nas engrenagens policiais.
    Organizações criminosas foram importadas para fazer a terceirização da roubalheira. Roubaram bilhões na saúde, na educação, na infraestrutura, na segurança, na comunicação. Assaltaram os cofres do Estado sem nenhum pudor e sem comedimento. Roubo na compra de medicamentos. Roubo na compra de carteiras escolares. Roubo na locação de veículos. Roubo no aluguel de palcos, som e luz. Roubo na concessão de empréstimos fraudulentos. Roubos a torto e a direito. Uma azeitadíssima máquina de roubar dinheiro público, através de propinas em larga escala, a serviço de uma mesma organização criminosa, controladora do poder estatal em seus mínimos detalhes.
    O mais corriqueiro trabalho de investigação executado no Rio de Janeiro, por órgão do Ministério Público, foi suficiente para desvendar um grosso novelo de crimes cometidos em vários Estados. A Paraíba dentre eles.
    A Operação Calvário caiu como um porrete demolidor sobre a cabeça visível de alguns desses larápios engravatados. O tal Leandro abriu o bico, sem demora. A tal Livânia ainda reluta, temerosa de acabar numa vala, como Bruno Ernesto.
    Mas aqui chegamos às inevitáveis indagações e já sabidas respostas.
    Quem é o Poderoso Chefão?
    Quem controla com pulso de ferro e mente demoníaca essa terrível máquina de corrupção que levou, com certeza, à morte de centenas de seres humanos?
    Quem não hesitou em tomar, na marra, o filho de uma mãe que sofre todas as agruras até hoje e que foi agredida covarde e violentamente por familiar desse monstrengo?
    Quem incentivou, inspirou ou deu a ordem para a execução da operação que culminou no vil assassinato de um jovem com carreira promissora?
    Quem é reu nesse processo de homicidio, que teimam em esconder sob o famigerado segredo de justiça?
    Quem é o Poderoso Chefão de Leandro, que foi nomeado várias vezes para cargos de confiança? Quem chefia a silente Livânia, flagrada com patrimônio milionário adquirido com o dinheiro surrupiado da saúde dos paraibanos?
    Quem chefiou o poderoso esquema de maquinetas de débito que operou em todo o Estado para garantir a compra de votos que elegeu, de forma ilegal, imoral e criminosa, dezenas de parlamentares federais e estaduais, além de um governador títere, marionete e cúmplice do crime?
    Quem, afinal, detém tanto poder que, mesmo sem o cargo, ainda se mostra imune, blindado a qualquer operação de busca e apreensão em seus vastos domínios?
    Quem, ao longo desses tenebrosos anos, nunca sofreu a mais mínima admoestação judicial, ao contrário, processou e condenou dezenas de jornalistas e adversários por ousarem dele divergir e a ele criticarem?
    Quem??? Quem???
    Ouço o clamor do poeta baiano: ‘‘Senhor Deus dos desgraçados, dizei-me vós, Senhor Deus: se é loucura, se é verdade, tanto horror perante os céus!’’
    Não há como fugir à resposta que grita às consciências livres:
    O senhor Ricardo Vieira Coutinho é o Poderoso Chefão da mais pérfida organização criminosa que já atuou em nossa sofrida Paraíba.
    RVC é reu no Processo por Homicídio, que tramita na Justiça paraibana, sobre o assassinato de Bruno Ernesto. Assim está escrito no processo: as iniciais RCV. Revelando o temor de se dizer o nome completo da entidade do mal.

    Assim como no caso do poderoso ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, onde foi necessária a atuação enérgica, patriótica, ética e civilmente louvável de um juiz como Sérgio Moro, para, enfim, colocar na cadeia um poderoso delinquente, também aqui na Paraíba faz-se urgente o surgimento de autoridades que encarem de vez essa lista imensa de inomináveis e ignóbeis delitos praticados por essa demoníaca organização, sob o comando desse biltre sanguinolento. 


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