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  • A grande família

    18/03/2019

    A primeira visita que a presa pela Operação Calvário, Secretária das administrações de Ricardo Coutinho e João Azevedo, a sousense Livânia Farias, recebeu no Batalhão de Polícia Militar de Cabedelo, não foi de familiares, como era de se esperar e seria normal.
     
    Presa no Sábado à noite, já no domingo a acusada de operar um esquema de desvio de dinheiro público da saúde, através da gangue da Cruz Vermelha, recebeu a visita de poderosas autoridades: os secretário e sub secretário de segurança pública do Estado, o Procurador Geral e os comandantes da Polícia Militar, deixaram seus afazeres e suas famílias em pleno domingo, para visitar a presa mais famosa da Paraíba.
     
    O gesto causou surpresa e perplexidade em amplos setores da sociedade.
     
    Afinal, o envolvimento da secretária Livânia, muitos dos seus familiares e outros expoentes das gestões de Ricardo Coutinho e João Azevedo no esquema de roubo de verbas públicas, através de uma quadrilha integrada também pela Cruz Vermelha, teve repercussão nacional. De acordo com as investigações preliminares do Ministério Público, através do Gaeco, a Cruz Vermelha recebeu cerca de R$ 1 bilhão e 300 milhões do governo da Paraíba. Desse total, de 20 a 30%, ou seja, entre R$ 260 a R$ 390 milhões podem ter sido repassados aos agentes políticos envolvidos. Além de servirem para a compra de casas, apartamentos, escritórios e veículos de luxo, também financiaram campanhas de mais de uma dezena de deputados federais, estaduais e do próprio governador eleito João Azevedo.
     
    Diante de todos os fatos e evidências, o que levaria a cúpula da segurança pública da Paraíba e o Procurador Geral, que já é reu, a se apressarem numa visita a uma das operadoras do esquema criminoso?
    Teria, a presa Livânia, conhecimento da participação, conivência, cumplicidade de outras autoridades na manutenção e proteção dessa organização criminosa?
     
    Teriam, os poderosos visitantes, insegurança, temor de que a presa Livânia possa se sentir tentada a revelar tudo o que sabe, e por isso demonstraram essa súbita, apressada e suspeita solidariedade à detenta?

    A sociedade fica curiosa, e até perplexa, se indagando as verdadeiras motivações de tal demonstração de carinho e apreço a uma pessoa que foi flagrada metendo a mão em volumosas quantias de dinheiro público, com o agravante de terem sido surrupiadas da combalida saúde dos paraibanos. 


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