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  • Absoluta imprevisibilidade

    27/04/2018

     Encontrar, no momento, algum favoritismo entre as candidaturas já postas, para a eleição 2018, é como você descobrir o que representam pequenos pontos de luz em uma sala absolutamente escura. Sendo muita escuridão para insuficientes emanações de claridade, o ato de enxergar fica bastante prejudicado.

    Portanto, do jeito que está o quadro, e com tudo o que pode acontecer até o pleito de 7 de outubro, é tarefa cercada de imensas dificuldades apontar quem serão os dois felizardos (literalmente, isso, felizardos!) que vão passar para o segundo turno do pleito.

    Falar em segundo turno da eleição presidencial deste ano de 2018, esta é a única previsão que encontra consenso generalizado para quem observa, nesse preciso instante, o quadro de pré-postulantes ao Palácio do Planalto. Mantidas as condições de tempo e temperatura, haverá segundo turno.

    Com efeito, o que mais tem, e mais podem surgir, são candidatos a candidatos ao lugar de Temer, sendo, ele próprio, uma possibilidade de candidatura cada vez mais possível no embaralhado quadro de postulações presidenciais.

    A plêiade de candidaturas lembra, muito bem, o que aconteceu na primeira eleição livre, pós ditadura, em 1989, quando 22 candidatos disputaram as preferências dos eleitores no primeiro turno daquele pleito.

    Essas preferências, naquele primeiro turno, terminaram fazendo com que o candidato Collor de Melo, do então PRN, e o candidato Lula da Silva, do PT, fossem conduzidos à disputa no segundo turno, Collor com 30% dos votos e Lula com 17%.

    Ao lembrar que Lula chegou ao segundo turno – e quase ganhava a disputa, no segundo -, com apenas 17%, nos revela o quanto fica difícil prever quais são os candidatos que estarão no segundo turno em outra eleição que, como aquela outra, tem tantos postulantes.

    Além de tantos postulantes, há outra semelhança no atual pleito (esclarecendo, bem, neste preciso momento), que é o de um governo central sem qualquer poder de influência no resultado, a não ser para o lado negativo. Sarney, em 1989, Temer, agora.

    A diferença é que, naquela oportunidade, Sarney não podia ser candidato, uma vez que a Lei Eleitoral não previa a possibilidade de reeleição, e, agora, Temer pode. Não se sabe qual teria sido a decisão de Sarney caso a reeleição presidencial fosse possível.

    Todo esse confuso quadro está a exigir dos analistas políticos muito mais acuidade nas análises do que em qualquer outro pleito, mesmo o de 1989, quando a gente tinha, um pouco mais nitidamente, 3 candidaturas que iam se firmando: Collor, Lula e Brizola, com Covas correndo por fora.

    Pena, embora compreensível, mas, não aceitável, que esteja se firmando, entre os analistas, frente às dificuldades de apreensão da realidade, peças cada vez mais empanzinadas pelos vieses ideológicos ou pré-concebidos, por qualquer motivo, até por preferências pessoais, do que por imparciais avaliações de conjuntura que venham a ajudar na compreensão do quadro.


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